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23 de agosto de 2025

EUA impõem tarifa de 50% e desafiam competitividade da fruticultura brasileira

Agronegócio Fruticultura e Horticultura 20/08/2025 06:09

Setor busca crédito, novos mercados e articulação para enfrentar pico da safra

Desde 6 de agosto de 2025, frutas frescas brasileiras passaram a pagar uma tarifa de 50% para entrar nos Estados Unidos, um dos principais mercados para manga e uva em períodos estratégicos de safra. Segundo a professora da Esalq/USP e pesquisadora da área de hortifrúti do Cepea, Margarete Boteon, embora a Europa continue sendo o principal destino das frutas brasileiras, o mercado norte-americano cumpre papel fundamental em períodos de maior oferta, ajudando a evitar excedentes e a sustentar preços internos.

O suco de laranja foi poupado da sobretaxa de 40% aplicada pelo governo norte-americano, mantendo a tarifa de 10% mais US$ 415 por tonelada. A decisão gerou alívio imediato à indústria, que rapidamente restabeleceu os preços.

Impactos imediatos: fruticultura em alerta

As exportações de manga e uva, principais frutas frescas enviadas ao mercado norte-americano, devem ser parcialmente mantidas em 2025 para cumprir contratos já firmados. Essa estratégia evita, por ora, um colapso nos preços internos.

No entanto, o pico da safra entre setembro e outubro exige atenção redobrada, já que a concentração da produção pode gerar excedentes no mercado doméstico e pressionar a rentabilidade, especialmente de pequenos e médios produtores.

Gengibre e outros segmentos também sofrem pressão

Além das frutas, setores como o gengibre, produzido majoritariamente no Espírito Santo (75% da produção nacional), enfrentam dificuldades. O redirecionamento para a Europa já começou, mas produtores relatam cancelamentos de pedidos, queda de preços e riscos de prejuízo para cerca de 3.500 famílias que dependem da atividade.

Estratégias para enfrentar o tarifaço

Lideranças do setor e entidades como a Abrafrutas destacam a necessidade de uma ação em duas frentes:

  • Negociação direta com importadores norte-americanos, buscando diluir custos e manter contratos.
  • Apoio emergencial do governo brasileiro, incluindo crédito subsidiado, prorrogação de custeios e restituição acelerada de impostos.

Outra recomendação é fortalecer campanhas de marketing para ampliar o consumo doméstico, diversificar mercados na Europa, América do Sul e Ásia, além de ajustar o calendário de colheita e logística para reduzir custos.

Suco de laranja escapa do pior cenário

Graças à forte organização institucional e à relevância do setor no mercado global, o suco de laranja brasileiro foi excluído da sobretaxa. Ainda assim, subprodutos da indústria seguem tarifados em 50%.

Segundo a CitrusBR, a exclusão só foi possível devido ao alinhamento entre empresas, governo e importadores, que demonstraram a interdependência entre Brasil e EUA: cerca de 60% do suco consumido nos EUA vem do Brasil.

Perspectivas para 2025

Apesar das dificuldades, especialistas avaliam que não haverá colapso imediato das exportações de frutas brasileiras para os EUA. A manutenção parcial dos embarques, aliada a mecanismos de suporte no curto prazo, será fundamental para:

  • Equilibrar a oferta interna,
  • Garantir liquidez financeira,

E preservar a presença brasileira no mercado norte-americano.

O desafio central, no entanto, permanece: diversificar mercados e sustentar a competitividade da fruticultura nacional diante de um cenário de incertezas comerciais e geopolíticas.

Fonte: Portal do Agronegócio


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